
Laura Freitas nasceu em Itaperuna (RJ), em 1967. Vive e trabalha em Niterói (RJ), é artista visual e mãe. Graduada em Educação Artística (1989) com formação em piano (1993), passou um longo período dedicado à área têxtil produzindo roupas autorais e pintura em tecido. Hoje, Laura tece com desenho, performance, escultura e vídeo. Frequentou diversos cursos na EAV do Parque Lage ministrados por: Ana Miguel, Brígida Baltar, Clarissa Diniz, Franz Manata, Iole de Freitas, João Carlos Goldberg, Mariana Manhães. Além de exposições coletivas, realizou as individuais: falo por um FIO, na Galeria Cândido Portinari da Uerj e Quando nascer (ou morrer) não é uma escolha, no Espaço cultural Correios Niterói (2019) - ambas com curadoria de Fernanda Pequeno e (Re) colher-se, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, em Niterói (2016), com curadoria de João Carlos Goldberg.
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Cresci numa casa habitada por imagens de feridas e corações - como a do Sagrado Coração de Jesus e Maria - que preenchiam a parede da sala. Aos meus olhos, as mulheres da família apresentavam um ar de sofrimento e rigidez, envolvidas por um silêncio refletido no corpo que se debruçava sobre o crochê, o bordado, a costura. Entre fios e tecidos, se ocupavam dos filhos, das tarefas da casa. Essa memória aparece hoje como o novelo que se desenrola em minha produção. A infância marcada por sacrifícios e obediência a um Deus patriarcal me desperta o interesse por perseguir inquietações suscitadas por um corpo que, atravessado e instituído pela herança católica, se vê, contudo, diante das multiplicidades do que pode ser um corpo. Isso me leva também a explorar o lugar-entre, as tensões entre dentro e fora, feminino e masculino, natureza e cultura, nascimento e morte.
